terça-feira, 16 de outubro de 2007

CENÁRIO CULTURAL EM UBERLÃNDIA - OUTUBRO 2.007

Salve, salve! Fui aplicada por programações culturais intensivas que me tirou de uma hibernação prolongada e ativou profundamente todos sentidos. Foram oficinas, saraus literários com muita declamação poética, vídeos, filmes, exposição de arte gráfica, teatro e muito, muito do novo som, instrumentos originais, vocalização aterrorizante e de tudo no palco.Isso já levando a queixar da falta de consideração por quem, como eu, estava sedenta por beber da fonte, quando houve falha de comunicação e se deixou encavalar dois excelentes eventos, principalmente quando os componentes que das cenas são parceiros. Numa mesma data, 05 de outubro, a apresentação do 1º Sarau Por Nossa Conta bateu com o 1º dia da série de shows do Conexão. Isso me fez correr de um lado para o outro querendo prestigiar e absorver todas as atividades possíveis.

A oficina que optei por acompanhar " FOMENTO E FORMAÇÃO DE UMA CENA MUSICAL CULTURAL ", com o pessoal do Espaço Cubo teve o início transferido para o período da tarde e outras que me interessaram e teriam inicio na mesma manha, como "Música de corpo e alma" com Antônio que seria numa sala de encenação do Bloco 3M da musica, também não aconteceram naquele momento. Assim a sala Camargo Guarnieri, tão concorrida, ficou vaga, tal qual minha manhã. Aproveitei para conhecer mais sobre áudio-ficção. Pablo Capilé do Espaço Cubo iniciou um bate papo, identificando quais as habilidades de cada um do grupo e suas expectativas, traçamos um painel do cenário cultural independente, percebendo que deixava de haver a já denunciada falta de comunicação, integração, embora percebendo um rico manancial cultural pronto para transbordar faltando tão somente criar um main stream .
A experiência do Espaço Cubo foi relatada, suas estratégicas, as frentes gestoras utilizadas, toda teia de ações culturais pautada na consolidação de uma cultura alternativa e independente serviu como pulo do gato para alavancar o processo e pegarmos lá na frente, sem precisar passar pelo abc. Deu mastigadinho o caminho. Dentro das necessidades captadas do panorama local, enumeramos providenciais parceiros, estúdios, lojas de cd's, serviços e bandas que já mostraram que correm atrás, preferencialmente aquelas que tiveram representantes nesse momento inicial. Formados grupos de distribuição, comunicação e produção, fomos ensinados no passo–a-passo durante o desenvolvimento de um projeto pelos participantes do bem sucedido Instituto Cultural Espaço Cubo.
O intensivo curso de produção cultural, orientado pela gente boa Lenissa Lenza, exigia que em 2 dias tínhamos que apresentar o projeto para as outras frentes de promoção e apoio.Privilegiamos inovador espaço a ser disponibilizado a partir de novembro por componentes da Banda Porcas Borboletas e pessoas ligadas a banda, que vem fortalecer o mercado alternativo independente, o "Goma".
O espaço é composto por loja de artesanato, bar-café e palco em 380m2, e foram disponibilizados para programação cultural 2 dias da semana, quarta–feira e domingo.
No dia-a-dia funcionará das 13:00 à 1:00 a.m.. A programação de domingo, "Feira da Teia" consta de feira de artesanato, exposições e oficinas a partir das 18:00 hs. e encenações, declamações e dança das 19:00 hs. às 20:00 hs., quando dá inicio o show com duas bandas do Coletivo Goma, de estilos afins.
Alternarão durante o mês os estilos rock, jazz/blues, samba e black-music.

A "Quarta Balaio" será noite da apresentação de mais 2 bandas do Coletivo Goma seguindo o mesmo critério de seleção.
Por iniciativa dessa participante, foram inclusas e agendadas ainda para novembro, por já terem material produzido, a Banda Ana Atômica e o rap de Negro D'Stillo, assim como o grupo antenaBuriti (Hour Concour , parceiro nº1), 1Bando e o Fim da Quadrilha e Juanna Barbêra, essas, embora participando da oficina, sem representante no núcleo de produção.
Por esse momento levantei o aspecto que foi diagnosticado em 1ª instância sobre a necessidade de um planejamento anual, com a integração de várias áreas, para não haver conflitos de datas.
Na apresentação dos trabalhos dos segmentos Circulação e Distribuição; enriquecido pelo núcleo de Sonorização; da galera da Comunicação e da Produção, foi o momento expor e buscar subsídio para o plano de viabilidade explanando toda decapagem necessária à realização do evento.
O término da oficina contou com a presença de representante da DICULT , órgão já mapeado como fomentador do movimento sendo assim já encaminhado devidamente os 1ºs informes.
Na penúltima oficina que participei, Israel do Vale explanou sobre a diferença entre a TV digital da rede pública e da comercial, o que muda no jeito de ver e fazer TV , oportunidades para produtores de conteúdo, de que forma a música pode se beneficiar dessa nova tecnologia.Como a música pode se beneficiar da nova tecnologia. Aspectos legislativos e orçamentos dos diversos órgãos.Meu aprendizado pessoal é que hoje a tv comercial incentiva minha anorexia.

O fechamento com Vitor Santana e Maurílio Kuru da Sociedade Independente dos Músicos –SIM, título dessa última oficina, legitimou a criação do Movimento Goma.José Dias Guimarães de Almeida, contrabaixista que acompanha a 2 anos Babilak Bah, aqui como dublê de secretário da Ordem dos Músicos do Brasil –Minas Gerais, bem providencialmente absteve-se da fala. Registrada a oportuna presença de Terence; de Israel do Vale, de Lu De Laurentz, da Diretoria de Culturas – DICULT; do Grupo TATURANA, nessas finalizações presente através de Dori, parceiro que contribui com a divulgação da cultura autoral independente com a disponibilização dos veículos:
TV-Buriti: http://www.tvburiti.com.br/ , Programa escombro na Rádio Universitária 107,5 FM
O parlamentar Welington Prado discorreu sobre o numerário do orçamento do estado, na base de 13 bilhões de reais, conclamando apoio de eleitores para aumentar de 2 a 3 vezes mais a verba para cultura no estado que hoje é de 100 milhões de reais, uma das menores do país. Welismar Prado, deputado estadual componente da comissão de tecnologia, atentou para os grandes conglomerados da comunicação que são os maiores PIB's do estado.
Faço aqui um contraponto com a exposição do que foi tirado na Oficina FOMENTO E FORMAÇÃO DE UMA CENA MUSICAL CULTURAL, citando que somos operários, "temos braços e pernas"(e aqui um aparte meu), também o TALENTO.
Edinardo Lucas coordenou as oficinas do Projeto Conexão Telemig e é parceiro com programa Café com Cultura.
Thalles Lopes, organizador do Jambolada e equipe, disponibilizaram o "Espaço Goma, Cultura em Movimento" para o fortalecimento do mercado alternativo, independente e autoral de
Uberlândia.
Junior Garcia da Associação dos Músicos do Cerrado constatou que intensa cobertura da imprensa no maior festival de musica independente, o Festival Jambolada, legitima Uberlândia como centro da musica independente.
Já é.

Na noite, opto, pela contingência logística do meu ponto de origem, pela aplicação do vídeo "Assalto" http://br.youtube.com/watch?v=dswif5KZNJc , do Vídeo Poesia Falada e do Vídeo Ação na Oficina Cultural.
O Filme "501" de Marcelo Banzaii mostrando que existe um mundo paralelo, no caso, bem ali no mercado municipal , palco tantas vezes da nossa feirinha gastro com as atrações culturais do bem, pode se transformar, como qualquer esquina dessa city, em cenário brutal tal penetração de traficantes, sua linguagem cifrada dos guetos. 1º estupro.
Abrindo um parágrafo, infelizmente, quando aqui queria explanar cultura, para a visibilidade de habitantes, por volta da praça aonde ocorreram os shows do Conexão, em atitudes bem pouco confiáveis mesmo por parte de flanelinhas e ambulantes. Há que se tentar deixar o ambiente mais saudável, contar o mal pela raiz, não confundir definitivamente arte marginal e atuação de artistas mascarados com ações de elementos sombrios.
Dividida entre prestigiar a apresentação do vídeo Doc.“Olhar Descalço”, na Oficina, e o show do Antena, nesse momento corro para a praça chegando quando os componentes estavam se dispondo no palco.
Fica aqui o desejo de outra ocasião para apreciar o vídeo exibido.
Pelas programações concomitantes, ao optar por ver pelos vídeos no sarau,
já deixo de apreciar a 1ª banda concorrente dessa etapa local do festival, Ô Faixa, com Claudão Pila e Marcelinho, do bar A OBRA em BH.

A 2ª banda concorrente subiu mascarada no palco assaltando valores dos falsos coronéis consolidados com a hipocrisia da ostentação do município como cidade progresso.

Os integrantes da Antena Buriti mostraram a que vieram, estrupando mentes ingênuas até então com o mito da Cidade Jardim, ex-sertão da farinha podre de cerrado agora transformado em canavial, deixando transparente os escombros, os córregos aterrados, o lado sujo da cidade, o tráfico de órgãos, a freqüência em antros de consumo, substituindo a cultura pelo lazer plastificado.
Próxima cena: correndo de volta à Oficina da Cultura, assim perdendo o instrumental do convidado da noite, Toninho Horta. O que se há de fazer...
2ª picada: Transtornos Marginais, texto de Didi Monteiro e Rafael Oliveira. Elenco afinadíssimo: Vinícius Veronese, Ana Paula Zumpano e Álvaro. Conflitos que os portadores de transtornos mentais como a esquizofrenia e a paranóia enfrentam em um ambiente chamado mente.A Sala Roberto Resende, recentemente reformada para dar maior amplidão ao palco e O onde criado um mezanino para filmagem dos espetáculos, teve lotação esgotada e um reles ventiladorque tencionava refrescar o ambiente precisou ser desligado por mais atrapalhar que ajudar. Porém esse desconforto ainda não tirou o êxtase que a excelente atuação e a trama levou a platéia.Espetáculo que há de ser explorado por muitas e muitas ocasiões.
Já no frescor do bem tratado jardim, regado a caju-amigo, num gesto simpático, Danislau abafou com a performance, postado abaixo do telão e entre as obras expostas do artista gráfico Arlen de Paula.Pessoal trabalhou bem e muito, é visível o trabalho de pedreiro realizado ali. 1º de uma história de Saraus que tenho muito orgulho de ter me desdobrado e apreciado. Que venham vários.

O instrumental de Pulando o Vitrô causou. Berinbrown mostrou o perfeito entendimento da música instrumental percussiva com a expressão da voz e do corpo. Babilak Bah, paraibano radicado em Belo Horizonte, e o Enxadário foi a doidera-mor do Conexão. Percebe-se que tira das entranhas a criação. Inovou proporcionando aos seus oficineiros o sabor de se apresentar junto numa estrutura forte.

Fica aqui registrado o agrado do público com a colocação do palco.


Alguém entendeu o show gospel ao final?

5 comentários:

lilith disse...

Oba! A Cultura começa a ferver no caldeirão... finalmente! O cenário artístico de Uberlândia desabrocha e cada vez mais cabeças são contaminadas pelo vírus cultural. É assim que a coisa toda toma forma... e se expande. Tomara que vire logo epidemia. Uhuuuu, demorou!
Parabéns! Gostei e estarei sempre aqui.

lilith disse...

ops... esqueci de assinar.
Lilian Guedes
www.cultblog.com.br (é claro que eu vou aproveitar o espaço pra divulgar mais cultura).
Valeu!

Dori Otoni disse...

Mandou Muito bem Malu,as fotos estão disponíveis sempre.

Marcilene Silveira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Natália Beatriz disse...

que cobertura fantástica!
parabéns!
muito bem escrito, com observações importantes.
ótimo!
bju pro cê!